Procurar pode, achar é outra história...

domingo, 29 de dezembro de 2013

Descolamento

Descolamento*

      Para tudo tem que se ter uma explicação plausível, alguma racionalização, hoje em dia até para a tal da arte, digo tal, pois perdeu o sentido a muito tempo e virou meras ciências, pois perdeu o sentido de ser aquilo que o artista sente, o que o artista pensa, se tornando manuais de como é a vida, a política, isso e aquilo, virou meio didático, exato e não uma reflexão (subjetiva), mas uma coisa iluminada, que elimina o simples eu não gostei, eu descordo de tudo isso, pois muitas das vezes não nós dá essa possibilidade, e aqui não estou falando da "arte" dita comercial, mas falo também da "arte" experimental, feita por artistas em inicio de carreira e estudantes da mesma, não passam nada, só métodos e métodos.
      O que isso tem haver com o direito a odiar, dizem a muito que a arte é representação de seu tempo, se temos uma arte patética simplesmente vivemos em um tempo patético, se temos uma arte que só representa esse mundo melhor, esse amor exagerado e banal, essas teorias políticas falidas, essas frescuras limitadoras, que a limitam por si só, provamos sem mais, o quanto não temos liberdade nem para o simples ódio! E vivemos de fachadas, de métodos, que não deixamos a tal da vida acontecer!  E isso fica claro na arte, onde a vida devia acontecer, mas simplesmente não acontece, pois são todos dotados de uma vaidade imensa, donos da razão, que se acham grandes de mais para a tal imensidão do universo, pessoas assim, em suma, sua maioria, não vivem e não deixam viver, pois simplesmente não entendem o por que de te odiarem, se tem uma causa nobre, um ideal bonito, uma palavra amiga, um belo conceito, como podem odiarem pessoal tão boa, essa tal pessoa, esse tal artista, elimina o direito ao ódio, algo tão fundamental para manter o "mundo" equilibrado e livre.
    Porém hoje, você não tem mais o direito ao ódio, você deve gostar de tudo, amar tudo, mesmo que o som, os aspectos estéticos, as palavras, de determinada coisa, não te agrade, você deve amá-la, mesmo que isso o torne infeliz, mesmo que todos gritem que você é uma pessoa livre, você deve amar todos e tudo, você deve gostar de tudo e de todos, aceitar tudo e todos, mesmo que vá contra seus princípios, princípios? Isso não interessa, pois hoje, hoje, não existe mais esse negócio de consciência humana própria, individual, tudo é o bem comum, o coletivo, o seu direito de odiar, de ser diferente, pensar diferente, nunca foi tão cerceado como hoje, simplesmente ele não existe, pois todos repetem e repetem os mesmos bordões, pois todos já sabem o que é melhor para você! Pois olhe que incrível eles viveram sua vida por você, estavam ao seu lado em todos os momentos, recebeu e bebeu das mesmas referências, gostam e desgostam das mesmas coisas, são iguaizinhos a você! Quem é você para recusar ou descordar de algo que vem de seres humanos tão iguais a ti, que sabem exatamente tudo aquilo que precisa e como deve agir, afinal somos todos iguais, meras máquinas programadas a tal da vida e não seres humanos complexos, que se complementam graças as suas diferenças...
    Não existe isso, todos somos pateticamente iguais e nascemos só para reprodução, afinal religião é ópio do povo, quando o senhor Marx disse isso, ele iniciou o caos, pois as pessoas precisam de um mistério, quando se elimina o mistério, se elimina toda uma sociedade que passa em entrar no caos, pois se mata conceitos de bem e mal, de amor e ódio, se mata até mesmo a ciência, pois a tal da ciência é movida pelo mistério, pela dúvida, criando uma coisa onde todos estão certos, matando assim o equilíbrio, pois se todos estão certos para que vou dialogar, para que vou amar ou odiar, como vou ser contra algo, nesse sentido se torna impossível a crítica ao socialismo e ao comunismo, pois eles mataram o mistério, revelando que a religião é o ópio do povo, assim sua liberdade de escolha foi ao ar e virou lenda, pois não existe conceitos como disse, de bem e mal isso é maniqueísta, religioso, logo se elimina os ditos dois caminhos, logo se elimina sua escolha, logo só sobra meras banalizações e tudo vira meros símbolos e objetos de mera manipulação, assim voltamos, como dizia um pensador que me foge o nome agora, a primitividade.
     Nesse sentido não me é de se espantar, que as escolas achem de suma importância dar sexologia as suas crianças, mesmo sabendo que isso é instintivo, nesse sentido não me espanta em nada, ler em redes sociais um bando de mensagens de amor e amor e amor e amor e amor, nesse sentido não me espante em nada ter nascido um monte de religiões, um monte de vertentes dessas religiões, nesse sentido não me espanta em nada ver o quanto o senso crítico morreu, nesse sentido não me espanta em nada ver o quanto papos cabeças são de uma monotonia estridente, pois não sai do sexo e do ambientalismo, nesse sentido não me é de se espantar que exista pessoas que defendam bandidos, estupradores, assassinos, ladrões não importando qual estirpe for, pois sempre existirá uma bela e boa justificativa para tais atos, como uma falha social, física ou mental... Nesse sentido não me espanta ter perdido o total direito de dizer um simples eu não gosto, eu odeio isso, nesse sentido não me espanta achar tudo tão vazio e banal, pois simplesmente tudo vem perdendo o sublime e o mágico e se tornando mera ciência e isso deve-se claro ao socialismo científico de Marx o que veio para matar o bem e o mal, eliminar a escolha e deixar todos mascarados dentro de um só ideal, vá contra e será visto como um louco que sofre de alguma patologia grave, ou simplesmente será visto como um burro, que não entende que é manipulado pelo vil sistema burguês, capitalista e egoísta.
     Uma palavra:
    - Patético...

Texto De Vinicius Diniz Rosa

 * O título original era " O direito a odiar", porém por sugestão e por concordar com a sugestão, mudo para "Descolamento".

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