História de Vinicius Diniz Rosa© - O agente funerário
- Olá, eu sou um agente funerário a muito tempo, não consegui constituir família, não tenho filhos essa funerária é tudo que tenho, todas as histórias que aqui passaram, não são minhas, são de uma gente que não teve voz, que não teve chance, que não aprendeu respeito, ordem, moral, que aprendeu só a gritar, gritam feito malucos, mas depois param aqui na "Sorria, pois já foi".
Capitulo 1: O vendedor e o mendigo
Hoje abri a funerária mais cedo, como não tenho nada, meus queridos e queridas, eu trabalho para ver o tempo passar, pois bem, que me entre então um vendedor de uma loja da esquina, com um mendigo no colo, ele chorava. Eu prontamente disse:
- O que o senhor quer aqui?
- Enterrar esse homem.
- Mas e sua família, seus documentos...
- Para! - Ele me interrompe - Me disseram que o senhor não liga para documentos, ou qualquer coisa, só quer fazer o enterro digno para todos que aqui aparecem, que patifaria é essa?!
- Hum, o senhor tem razão, porém te contaram também que eu cobro pelo caixão e pelos serviços, afinal tenho que manter esse prédio e continuar fazendo o que eu faço.
- Contaram eu vou pagar!
- Por que quer enterrar esse mendigo?
O silêncio se deu.
- Por que não quer responder?
- Cala á boca! Só faça o serviço...
- Está certo... Ah - Chamo os meus funcionários - Deem um banho nesse corpo, façam a maquiagem e arrumem o melhor caixão.
- Por quê?
- Olhem aquele homem...
- Sim o que tem, façam o favor para mim, fiquem em silêncio e escutem.
Eu andei até o homem e perguntei:
- Qual sua profissão?
- Para que quer saber?
- Nada escrevo e se um dia precisar escrever essa história tenho um nome.
- Sou um vendedor.
- Um vendedor, um simples vendedor, de franquia, loja grande?
- Sim, fast food...
- Interessante, por que um vendedor estaria disposto a pagar um enterro para um mendigo desconhecido e ainda assim chorar tanto?
- Não faça perguntas caralho!
- A morte já chegou, que diferença faz...
- Para! Para! Não tem necessidade de nada disso, eu só quero dar um enterro digno a ele! Não posso!
- Um enterro digno, para um desconhecido, quanta nobreza, está certo... Volte daqui meia hora, o corpo estará pronto e você poderá se despedir, vamos enterra-lo no cemitério aqui em frente.
- Ótimo faça o que quiser! Eu vou embora!
- Adeus...
Eu volto para os meus funcionários.
- E então o que tinha de diferente nesse homem? - Me perguntam.
- Nada...
Passado o tempo, o vendedor não voltou, deixou tudo certo, mas não quis ver o morto e nem foi ao seu enterro, porém andando pelo cemitério, observo ao longe ele chorando em cima da cova do mendingo gritando:
- Me perdoe! Me perdoe! Eu devia ter cuidado de você, te entendido, por que foi morrer assim na rua? Qual a razão de ter ido morrer na rua! Fugido de casa, tudo bem que sou um velho fracassado, que trabalha a anos em uma franquia de fast food e que não podia ter dar tudo, mas meu menino eu te amava, não precisava ter fugido...
- Seu menino...
- Não! Nâo!
- Toma...
- O que é isso?
- Uma placa com o nome do seu menino e o seu, da próxima vez tire o Rg do bolso do defunto, está aqui o rg dele, mas sua carteira com fotos suas, acho que ele te amava também, deve ter fugido por outros motivos.
- Qual?! Qual?!
- Não sei... Quem saberá, mas ele te amava, olha quanta foto sua aí... Não seja idiota, pare de chorar e vai viver.
Me virei.
- Ah, antes que me esqueça, estava na carteira também essa carta eu não li, é sua...
- Uma carta.
O velho vendedor pegou a carta começou a chorar me abraçou e foi embora, eu deitei naquela terra batida da cova, olhei o céu azul e pensei.
"Pensa de mais esses homens"
Querem saber o que estava escrito na carta, eu não sei, seu coração de leitor talvez saberá. Fim, talvez haverá um capitulo 2, isso se a morte não me pegar.
"Ali na esquina".............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
Nenhum comentário:
Postar um comentário